O polimento final

Esta é a parte do trabalho mais difícil. Quanto mais você investir no polimento final, melhores serão as imagens que você vai obter. É aqui que está a diferença entre um bom telescópio e um aparelho medíocre.

Não pare antes de conseguir um bom espelho!

Enquanto um telescópio profissional pode ter espelhos na faixa de l/60, um bom telescópio de amador tem espelhos com erros máximos na faixa de l/4 a l/8. Isto significa que o maior erro aceitável na superfície do espelho primário terá de estar entre l/8 e l/16, devido à introdução dos erros do espelho secundário.
Como o comprimento médio de onda da luz visível é de 0,56 micrômetros ou 0,00056 mm, o maior erro aceitável deverá ser menor que 0,07 mm, ou 0,00007 mm.

Apenas 70 nanômetros!

Para conseguir chegar nestes números, você tem que trabalhar o espelho com muito cuidado, e principalmente, ter certeza que está fazendo a coisa certa, após detectar erros de superfície no teste de Foucault . Do seu capricho nesta fase depende a qualidade óptica, a limpidez e o contraste das imagens que você vai obter.
É comum se tentar uma correção e depois do trabalho, verificar que a coisa piorou.
Só a prática vai dar a segurança para determinar o defeito e o método correto para corrigi-lo.

Para fazer o teste, consiga um local que possa ser escurecido e coloque o aparelho de teste sobre uma mesa estável. Faça um suporte ajustável para apoiar o espelho e o posicione na mesma altura da fenda do teste (coloque a marca do verso do espelho para cima).
Se a distância focal estiver com 112 cm, o espelho ficará a 2,24 m de distância da lanterna.
A distância entre a fenda e a sua imagem deve ser a menor possível. Espere pelo menos 15 minutos para o espelho chegar ao equilíbrio térmico com o ar ambiente.

- Encontre o foco do espelho e aproxime a lâmina até que veja todo o espelho sombreado.

- Avalie o que está vendo. Desloque a lâmina para a frente até que apareçam as franjas de sombra. Interceptando os raios de luz antes do foco, em um espelho esférico, veremos uma linha perfeitamente reta para toda a largura do espelho.

- Se as franjas não aparecerem retas, faça um desenho do que está vendo. Esta anotação é importante para auxiliar na definição do tipo de correção a ser feito. Na análise das franjas , para simplificar, consideramos como reto o perfil esférico, e traçamos um perfil esquemático do que vemos. Com a lâmina penetrando antes do foco, linhas curvas para o centro do espelho indicam regiões mais baixas. Linhas curvas para fora significam elevações.

- Gire o espelho 90º até que a marca fique do lado direito e repita o teste. Anote as diferenças, se houver. Diferenças acentuadas entre os dois testes podem indicar astigmatismo.

- Se os resultados do teste parecerem estranhos, descanse um pouco e repita o procedimento.

No caso de espelhos esféricos a análise pode ser apenas qualitativa. Isto é, devemos nos concentrar na obtenção de uma franja de sombra perfeitamente retilínea. No entanto, uma análise quantitativa dos defeitos pode nos dar a verdadeira dimensão da qualidade da imagem que será obtida. Para isso, basta avaliar o tamanho dos desvios da frente de onda.

Os defeitos mais comuns, nesta fase são borda baixa e depressão central.
Consulte no croquis o tipo de retoque mais conveniente para a correção.
Trabalhe 15 minutos de cada vez e faça novo teste.
Ao final do polimento podem surgir defeitos centrais , ou defeitos zonais , ambos de fácil correção.